Meu nome é Judith Barroso Rodrigues, tenho 27 anos, sou estudante de Direito na Faculdade Iteana de Botucatu-SP que é mantida pela Instituição Toledo de Ensino de Bauru-SP. Estou cursando o  10º período e fui aprovada no XIX Exame de Ordem ainda na 9ª fase de minha graduação. Minha caminhada até a aprovação não foi fácil, mas, se eu consegui, qualquer um com um pouco de força de vontade também consegue.
 

Nasci e cresci numa pequena cidade chamada Botumirim, localizada no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais. É uma cidade maravilhosa, de um povo acolhedor, rica em belezas naturais, mas esquecida pelo poder público e castigada pela seca. Lá, morava em um sítio onde a energia elétrica só chegou em 2001, ou seja, até então estudava sob a luz das lamparinas e realizava atividades típicas, como roçar, carpir, plantar, colher, e cuidava das poucas cabeças de gado que resistiam bravamente à seca, mas nunca faltava à escola, o que não era fácil, já que a primeira escola que também ficava na zona rural era aproximadamente uns 3 Km de distância da minha casa, e embaixo de sol forte já chegava à escola cansada. Depois de alguns anos, colocaram transporte escolar e passei a estudar na escola da cidade.
 
Aos 13 anos me mudei para a cidade onde morava e trabalhava em casa de família, e recebia em média R$ 30,00 por mês (você não leu errado, é trinta mesmo). Sabendo que estudar era o melhor caminho, aos 16 anos (2005), vim para Botucatu-SP com o objetivo de estudar e trabalhar. Demorou um pouco, muitas coisas aconteceram, mas deu tudo certo.
 
Hoje, as dificuldades são outras, tenho que estudar, trabalhar, cuidar da casa, tenho uma filha e um companheiro que precisam da minha atenção. Administrar tudo isso e conseguir tempo não é nada fácil, mas é com o apoio deles e dos amigos que consegui estudar.
 
Usei para a OAB o método usado na produção do meu TCC: Tinha uma hora e meia de almoço – comia correndo e estudava, chegava em casa 15:45 – estudava das 16:00 às 17:00, depois corria para arrumar a bagunça da casa, dar banho na pequena e me arrumar para faculdade. A van passa às 18:40 e eu chegava na faculdade parecendo um zumbi; retornava às 23:00 e estudava das 23:15 até às 02:00, tomava um banho e no dia seguinte tudo recomeçava. Aos finais de semana me dedicava mais, colocava as matérias em dia, fazia os trabalhos da faculdade e estudava para as provas tudo em conjunto com as atividades domésticas, enfim, coisas da rotina.
 
Fiz a primeira fase e quando saí da prova não sabia o que pensar, achei a prova difícil. Chegando em casa, logo saiu o gabarito e, juro, contei umas dez vezes, primeiro foi 52 questões e depois a FGV alterou o gabarito de 2 questões por erro material, majorando minha nota para 54 acertos. Fiquei muito feliz e preocupada ao mesmo tempo com a segunda fase.
 
Minha escolha para segunda fase foi Penal, confesso que não gostava muito, mas já havia escolhido, então tive que me esforçar ainda mais. A peça cobrada foi contrarrazões de apelação, eu tinha feito uma vez no quarto ano, nem lembrava direito. O tempo voava e a peça não ficava pronta. Mas finalmente, faltando cinco minutos entreguei a prova.
 
Quando da data do resultado, A FGV torturou o dia inteiro, liberou o resultado exatamente 18 hrs. Fui procurar meu nome na lista geral e não encontrava meu nome na bendita lista. Entrei desesperada na página do resultado individual e lá estava: APROVADA. Só vi isso. Chorava, gritava e parecia que eu estava 20 kg mais leve.
 
Isso mostra que é possível realizar nossos sonhos, podemos ser o que quiser, ainda que pareça uma utopia, basta estudar e buscar a cada dia. Vale a pena estudar, por mais que o caminho seja difícil, não desista!
 
Grande abraço e tenha força, é só o começo!
 
 

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Parabéns, Judith.
Que seu exemplo de esforço e superação inspire muitos.
Continue contando com a Equipe do site Prova da Ordem.